Complexo da Maré tem bandidos treinados para guerra
Em registros capturados por drones, é possível observar um conjunto de 15 a 20 indivíduos reunidos em um campo de futebol, recebendo instruções relacionadas a estratégias militares
O Complexo da Maré, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro e atualmente uma das maiores favelas do estado, composta por 16 comunidades, tem apresentado um notável aumento nas atividades do crime organizado. Recentemente, investigações conduzidas pela 21ª Delegacia de Polícia de Bonsucesso, nos anos de 2021 e 2022, expuseram a realização de treinamentos armados por grupos criminosos que operam dentro dessa comunidade.
Situada nas proximidades das principais vias expressas do Rio, como as Linhas Vermelha e Amarela, além da Avenida Brasil, e na rota para o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, a Maré tornou-se um campo de batalha entre traficantes que buscam consolidar o controle do território, facilitando assim o tráfico de drogas e armas para diversas partes do estado.
O Delegado Hilton Alonso, responsável pelas investigações, expressou grande preocupação com a situação: “O que encontramos na Maré é uma situação de extrema gravidade que não pode ser ignorada. treinamento de guerra na maré, em posse de armamento pesado e uma intensa atividade criminosa estão ocorrendo no centro dessa comunidade, ameaçando a segurança de todos os cidadãos cariocas.”
Além disso, durante o período de dois anos de investigação, foi descoberto que o Complexo da Maré tem sido utilizado como ponto de encontro para o cometimento de roubos de veículos e cargas, que posteriormente são levados para essa região. Além disso, a comunidade também serve como refúgio para líderes do tráfico de drogas de outros estados que estão fugindo da Justiça.
Confrontando essa realidade, a equipe da 21ª DP de Bonsucesso dedicou seus esforços à investigação na região, resultando na identificação, indiciamento e representação pela prisão de 1.125 criminosos associados às duas principais facções que operam na área.
Durante as investigações, a utilização de drones revelou a existência de uma extensa área de lazer na Vila do João, construída pelo tráfico, que contava com uma piscina olímpica, área de churrasco coberta, campo de futebol e camarote para eventos. Esse espaço era utilizado para o entretenimento das lideranças criminosas, suas famílias e convidados, bem como para reuniões da facção e, mais alarmante ainda, para treinamentos operacionais de soldados envolvidos no tráfico.
Em um desses eventos, um dos líderes do tráfico foi visto no local, chegando com uma Range Land Rover modelo Velar, avaliada em mais de R$ 500 mil, semelhante aos veículos roubados de grande porte que eram comuns dentro da comunidade.
Outras gravações revelaram a presença de aproximadamente 17 soldados do tráfico participando de treinamentos conduzidos por instrutores altamente capacitados em táticas operacionais. De acordo com informações de inteligência, comunidades afiliadas à mesma facção também receberam treinamentos similares em táticas operacionais na Maré, disseminando assim esse conhecimento para diversas comunidades no Rio de Janeiro.
Esses treinamentos ocorriam tanto de dia quanto à noite, envolvendo o uso de fuzis e explosivos, e simulando situações de progressão na região, confrontos armados e outras técnicas militares.